04 maio 2010

Eu tenho cenas


São cenas daquelas que não se explicam, mas que se sentem. São cenas que se ouvem umas vezes e se vêem outras vezes. São luzes no escuro ou pontos escuros no meio de muita luminosidade. São cenas que me empurram para o fundo do poço, mas que tão depressa me pôe lá no ciminho dos pincaros, muito mais alta do que qualquer salto de 14cm e muito melhor do que uma cereja que meticulosamente se coloca em cima do melhor bolo. São cenas que me tiram energias e me fazem cair numa cama. São cenas que me fazem dormir o sono mais profundo, como tão depressa me deixar ficar com o olho arregalado toda a noite. São correntes de ar, moedinhas no canto mais escondido, mas que se encontram, por querer e sem querer. É uma companhia. São cenas que me deixam tantas dúvidas, como me dão todas e tantas certezas. São cenas que, ao longo dos tempos, do meu crescimento, da minha experiência e da minha maturidade, também têm crescido comigo, agarradas a mim. São cenas que cada vez mais se dão a perceber. Cenas que me fazem arriscar, como, de repente, me mandam parar no sítio e nas situaçãoes mais impensáveis. São cenas que me dão medo. Mas é um medo diferente. Tranquilo, talvez. São cenas que, por vezes, me fazem acertar em coisas que podem ser consideradas melhores e mais valiosas do que qualquer euromilhões. São cenas que, às vezes, sinceramente, preferia não ter. Talvez vivesse de outra forma, aproveitasse "cenas" de outra maneira. São cenas que me dão tantas coisinhas, como mas tiram.

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