29 setembro 2009

Deixem-me Estar

A minha bolha é grande e transparente. É quente e confortável. Dentro da minha bolha cabe tudo, mas agora é de nada que eu quero que ela se preencha. Quero a minha bolha só com água, para eu beber ao longo do dia. Quero lá todos os livros que fui conseguindo ao longo deste 2009, que teima em não terminar. Quero tirar todos esses livros dos sacos onde estão guardados. Quero empilhá-los e, um por um, vou ler todos. Um por dia. Todos os dias. Quero sentir o toque macio ou áspero das suas folhas. Quero saborear a sensação dos meus dedos a apertar as suas folhas. Virá-las.
De porta aberta ou fechada, dentro ou fora, na minha bolha sou a mesma. Sou eu. O eu que sabe ocupar o seu lugar, o eu que não pretende ocupar lugar ocupados. Nunca fui assim. Não hei-de ser.
Na minha bolha, os sorrisos, as lágrimas, o clap, clap, clap das palmas, os braços levantados e os brindes são verdadeiros. São sérios e nunca uma tentativa de mostrar uma realidade paralela, falsa e abstracta. É tudo tão sério como a responsabilidade com que, na minha bolha, vivo o meu dia-a-dia e defendo o dois nomes escritos no cartão vermelho e dourado que trago na carteira.
Na minha bolha faço o que quero. Sempre fiz. Não há dedos que me apontem. Não tenho dedos para apontar.
Estou de férias. Estou de férias de mim. Estou de férias do meu eu, mas sem nunca me esquecer dele. Estou de férias do tu e do nós. Estou assim. Quero estar assim.
É na minha bolha que quero estar. Aqui sei que posso mandar e que posso parar o tempo. O meu tempo. É dentro da minha bolha que escrevo a minha história. O papel principal é meu, o primeiro parágrafo escrito será sempre sobre mim. E a fonte próxima serei sempre eu.

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